quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Autonomia e Democracia Universitária e o aparelho repressor do Estado

A Universidade enquanto lugar privilegiado para a produção do conhecimento e superação das contradições requer autonomia e quer ser um ambiente democrático. No entanto a democracia universitária no Brasil ainda é herdeira da ditadura, está há anos luz de corresponder com democracia real, desde os sistemas de voto, até as participações nos conselhos.

Toda essa estrutura está à luz do sistema capitalista, em sua fase superior imperialista, que não havendo mais por onde ampliar seus lucros busca cortar os direitos conquistados dos trabalhadores e estudantes através de séculos de luta.


Felizmente a resistência ainda persiste. Nesse ano não foram raras as ocupações de reitoria que refletem a ausência da democracia universitária e mais que isso a ganância da elite política em garantir o atendimento dos lucros dos capitalistas, a patir de corte direto de verbas ou via especulação, juros da dívida, isenção de impostos e investimento direto do estado, à exemplo do porto de Paranaguá, estrtura construída para garantir o escoamente de commodities, que serve aos exportadores latifundiários, etc...


Nesse mundo desumanizado pelos índices do capital, justifica-se a utilização de força desigual à uma população completamente desarmada que só quer se fazer ouvir. Não se trata só de evocar a inaptidão do espaço universitário para a presença dos aparelhos de repressão do Estado, mas a inaptidão da existência do aparelho repressor do Estado, enquanto instrumento que serve em primeiro lugar para manter a ordem social e que sua atuação nada têm de democrático, muito pelo contrário, sua função é manter e sustentar a reprodução do capital.


Remontando perseguições e ausência de possibilidade de avanço nas negociações, sobretudo a ausência de sensibilidade da reitoria, o Reitor João Grandino Rodas (reitor indicado por Serra, contra a vontade da maioria da comunidade) expõem dois grupos sociais históricamente contraditórios: Os estudantes, oprimidos pela ditadura militar, e a polícia militar e o exército, com poderio de fogo muito acima do necessário. Expor a sociedade a tamanha violência física e psicológica: a moradia da USP fechada pela tropa de choque, bomba de gás lacrimogênio nos corredores do CRUSP, a reitoria fechada com estudantes e polícia do lado de dentro e mais ninguém para contar como foi; estudantes preso por horas dentro de um ônibus, sem comida, sem água.


À quem interessa as forças de repressão? Não parece servir ao processo civilizatório, não parece servir aos pobres, não parece servir na universidade, não parece servir à segurança pública.


Gabriel Mendoza, acadêmico de Geografia.

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